UNE: Um Câncer dentro das Universidades

Thiago Coelho

Comumente, no Brasil, se costuma culpar o Governo em seus vários âmbitos pela falência que o ensino nacional tem passado desde há muito tempo. Presidentes, Governadores, Prefeitos, Vereadores e Professores são todos apontados culpados primariamente pela inexistência de um ensino decente e de qualidade por vários setores da sociedade civil que não conseguem enxergar-se a si próprios como também detentores de uma parcela de culpa pelo problema, pois são estes quem colocam determinados políticos no poder que por sua vez determinam quais tipos de professores as universidades devem formar e que tipo de educação (se boa ou ruim) seus eleitores devem ter acesso.

Dentre os diversos setores da sociedade civil, gostaria de destacar aqui o da classe dos estudantes universitários, cujo centro aglutinador de atuação política e mais famoso por suas lutas é a União Nacional dos Estudantes (UNE). Sei que há também outras organizações estudantis atuantes e espalhadas pelo Brasil afora, porém ressalto a UNE por ser a mais antiga e politicamente poderosa dentre todas elas.

A UNE foi criada no final da década de 1930 aspirando a tornar-se uma organização que representasse todos os estudantes do país para lutar por seus interesses e por uma melhor educação oferecida ao povo. Cabe neste momento analisar dois pontos: 1)A legitimidade intelectual e consequentemente política para se criar um movimento formado em sua grande parte por jovens oriundos do final da adolescência e começando a amadurecer para a vida adulta; e 2)O caráter político estritamente comunista e falsamente neutro da tal União Nacional dos Estudantes.

O jovem se caracteriza por estar num período da existência marcado primordialmente pela experiência do aprendizado e pela vivência de muitas incertezas e conflitos. Ele ainda não possui valores sólidos e fixos que lhe possam servir como guia seguro pela imensa caminhada que há pela frente e ainda está muito longe de ter construído uma base intelectual ampla e variada a qual é necessária para começar a entender qual é o seu papel diante do mundo na sua vivência em sociedade e o que ele significa para si mesmo. Compreendido isso, torna-se fácil entender que, dentre todos os estratos da população, os jovens são aquela camada mais vulnerável a ser manipulada por grupos políticos, meios de comunicação de massas, tribos urbanas etc e que somente pelo fato de estarem numa fase de incertezas e de aprendizados constantes para uma boa vivência coletiva, qualquer movimento de caráter político que tenha majoritariamente em sua base de apoio e de ação jovens e adolescentes não possui a mínima legitimidade política e muito menos intelectual, já que este ainda lhes está em formação.

Já a UNE, maior órgão político “estudantil” que se autodenomina “a entidade máxima de representação dos estudantes universitários”, desde sua fundação, em 1937, se constitui primordialmente e acima de tudo como uma organização política que luta pelo comunismo, pela construção de um Estado operário e que busca atingir seus objetivos não somente através de manifestações violentas como a ocupação de reitorias e de universidades, como também pelo apoio de uma formação ideológica marxista nos meios educacionais objetivando o suprimento e o aumento contínuos de cada vez mais jovens em suas fileiras e a formação de condições materiais para uma possível revolução social. Não pensem os leitores que estou a fantasiar. Em seu próprio sítio eletrônico, a UNE admite que “de fato, é inegável a proximidade, inclusive histórica, com os chamados setores progressistas (leia-se “comunistas”) da sociedade brasileira” e que “se adotarmos a definição clássica do sociólogo Norberto Bobbio, em que ser de esquerda é lutar pela igualdade, a UNE é, sim, de esquerda”. De fato, a maioria de seus presidentes (se não todos) foram ou são filiados ao Partido Comunista do Brasil(PCdoB).

Em outro lugar de seu site, a UNE afirma que seu objetivo central é “a luta pela educação pública, gratuita e de qualidade”. O problema dessa afirmação não estaria somente no fato de ela ser inteiramente falsa, como também por ela atuar em prol de justamente o contrário: pela ausência de educação e pela destruição da sociedade.E a própria UNE nos fornece as provas.Ao invés de lutar pela melhoria de qualidade educacional nas instituições de ensino no Brasil, a UNE prefere apoiar e organizar campanhas em favor do aborto e do suposto direito que confere liberdade às mulheres para ter relações sexuais com o máximo de parceiros que lhes aprazer e que, caso venham a engravidar, o Estado lhes conceda o direito de assassinar seu futuro bebê sem qualquer condenação jurídica, penal ou moral por isso. A ex-presidente da UNE e musa diabólica da juventude proletária, Lúcia Stumpf, afirmou ao jornal Folha de São Paulo que “estamos organizando uma grande campanha nas universidades sobre a necessidade de descriminalizar o aborto no Brasil. A UNE tem de fazer uma discussão sobre isso porque é uma realidade que a gente vive”. Ao invés de lutar pela formação de professores plenamente alfabetizados e capacitados realmente para o ensino, a UNE escolheu apoiar paradas do orgulho gay em diversos lugares do Brasil e lutar por mais direitos para os homossexuais, contribuindo decididamente para a destruição da família e do sagrado matrimônio entre homem e mulher. Novamente segundo Lúcia Stumpf, a Czarina Vermelha, “a nossa luta não é só combate à homofobia, mas também pela legalização da união civil de homossexuais e pela autorização para adoção”. E, finalmente, para coroar o completo poço de lama e esterco no qual a UNE se afunda cada vez mais, esta chegou ao absurdo de apoiar o consumo e a legalização do uso da maconha. Num artigo intitulado “O Lugar da Esquerda é na Marcha da Maconha”, escrito por Ronaldo Pinto Junior, Diretor de Assistência Estudantil da UNE, este “ser” afirma que “diversos Movimentos Sociais e partidos de esquerda aprovaram resoluções sobre a legalização da Maconha, principalmente levando em consideração o acúmulo que movimentos como a marcha mundial da maconha produziu no ultimo período. Chegou à hora de mostrar que a luta se constrói na prática. Confira a agenda de mobilizações da Marcha da Maconha, pegue sua bandeira, sua faixa e ocupe as ruas das principais capitais do País para defender a liberdade de expressão e a legalização da maconha. Libertem as plantas!”.

Só esses fatos bastam para que se compreenda que a UNE não luta e nem nunca lutou por uma “educação pública, gratuita e de qualidade” e muito menos que ela tenha a capacidade de representar qualquer estudante universitário deste país. Além de receber verbas do Governo Federal do PT, de ter grande parte de seus presidentes filiados ao PCdoB e de assumir um total compromisso com o projeto político marxista, a UNE entende que, para se ter acesso a uma “educação pública, gratuita e de qualidade”, se faça necessário primeiramente lutar pela legalização do aborto, pelo livre consumo da maconha (pode ser que ela venha a defender o uso de outras drogas mais à frente), pelo direito antinatural de união civil e de adoção de crianças por casais de pederastas,lésbicas,travestis etc. O objetivo da UNE , é claro, não tem nada a ver com educação, mas sim com um amplo projeto de desmoralização e desestabilização política da sociedade brasileira. Iuri Bezmenov, ex-agente da KGB soviética e que já trabalhou para a agência estatal de notícias Novosti, disse que são somente quatro os estágios necessários para que uma nação seja destruída por grupos político-ideológicos subversivos: desmoralização, desestabilização, crise e normalização.

O simples fato de existirem, dentro de uma sociedade democrática, organizações políticas que banalizam e tornam vazia de significado a palavra protesto e que lutam por construir uma sociedade socialista totalitária de partido único como a de Cuba e a da Coreia do Norte, já é um completo crime e um desrespeito a todos aqueles que trabalham e que cumprem as leis neste país. Desacreditada e cada vez mais imersa em lama e escândalos, a UNE não tem mais qualquer condição moral para se autodenominar “entidade máxima de representação dos estudantes universitários”. É preciso que surjam na sociedade civil de forma urgente novas organizações de pessoas maduras e capacitadas que efetivamente estejam compromissadas a tentar resolver os problemas que os estudantes brasileiros encontram no sistema educacional hodierno e que, acima de tudo, sejam no mínimo apartidárias e que não tentem transformar as pessoas em meros militantes simplórios de ideologias políticas utópicas e maléficas.

O lugar da esquerda não é na marcha da maconha, como alguém já o afirmou, mas no fundo do vaso sanitário.

Só não esqueçamos de puxar bem a descarga.

ANEXO:

A opinião de Lênin sobre a instrumentalização da classe estudantil na luta e consolidação do regime socialista:

“Por mais que semeemos a desconfiança e o ódio contra o governo,não atingiremos nosso objetivo enquanto não conseguirmos desenvolver uma energia social suficientemente ativa para a derribada daquele.

(…)

Nós,porém,se queremos ser democratas avançados,devemos preocuparmo-nos em sugerir aos que só estão descontentes com o regime universitário (…) a ideia de que é todo o regime político que não presta.

(…)

Encorajamos os estudantes que, começando a compreender a necessidade da luta política, a ela se lançaram e,ao mesmo tempo,censuramos a bárbara incompreensão dos partidários do movimento puramente universitário,que exorta os estudantes a não participarem das manifestações de rua.”

Através desses excertos,Lênin mostra que é necessário criar forças sociais que contribuam à derrubada do regime político inimigo e do capitalismo e que os estudantes podem servir de meio para que isso ocorra,através de um processo de extensão de demandas:os estudantes têm de lutar pela melhoria do sistema educacional e contra o capitalismo(os comunistas souberam relacionar uma coisa com a outra).Os comunistas procuram dominar todos os movimentos sociais e fazê-los com que lutem em prol de seus interesses,como afirma Lênin aqui:

“Nós devemos assumir a tarefa de organizar a luta política,sob a direção de nosso Partido,e é nosso dever utilizar todas as manifestações de descontentamento,reunir e elaborar todos os elementos de protesto para que possam prestar e prestem efetivamente a essa luta,bem como ao nosso Partido,a ajuda de que sejam capazes.”

Depois dessas explicações,fica mais fácil entender o namoro que a UNE e outros movimentos “estudantis” têm com partidos de esquerda e com sua ideologia.

FONTE:LÊNIN,Vladímir.E)A classe operária,combatente de vanguarda pela democracia.III)Política trade-uniionista e política social-democrata.Que fazer?1955.Rio.