Rodrigo Fialho
Muitos professores, até para descontrair seus alunos, comentam sobre as peripécias de outros alunos. Hoje em dia existe até sites em que uma infinidade de provas, redações e exercícios escolares com erros bocós são lançados na rede para servir de motivo de risada para os que conseguem se divertir com esse tipo de coisa. A brincadeira porém, não deveria se restringir aos alunos. Na ultima sexta-feira aconteceu um fato esdrúxulo e curioso. Eu e minha namorada tivemos aula a noite – nós não estudamos na mesma IES – e após nossas respectivas aulas, nos encontramos numa praça da cidade. A professora que havia me dado aula de História da Educação não sabia nada sobre algarismo romano. Ela justificou a ignorância no assunto dizendo que sempre odiou matemática e por isso nunca se preocupou em aprender algarismo romano. O pior é que mesmo sem saber patavinas de algarismo romano, a professora poderia ter evitado passar pelo mico que passou se tivesse, pelo menos, noção de período histórico. Ao ver o número nove (IX) em algarismo romano, a professora perguntou a turma se aquele número era dezenove (XIX). Mas o pior não foi isso. A “inteligente”, a “gênia” estava apresentando um slide sobre educação na Idade Média e ainda teve a coragem de perguntar se IX se referia ao século XIX. É brincadeira? O mínimo que se pode esperar de quem ministra uma aula de História é que tal pessoa tenha pelo menos uma noção de período histórico e saiba, mesmo sem entender nada de algarismo romano, que Idade Média e século XIX são dois períodos completamente diferentes.
Mas a história da burrice daquela noite de sexta-feira ainda não havia terminado. Ao ter de encarar mais de duas horas escutando a tal pseudo- professora, fui encontrar-me com minha namorada doido para desabafar o que havia acontecido na aula. O que eu não sabia é que a pobrezinha havia passado por algo semelhante ao que me aconteceu. Ela chegou contanto – mulher adora falar – que o professor dela havia dito em sala que o Padre Pio XII, se referindo ao Papa Pio XII, havia escrito a encíclica Rerum Novarum. Bom, vocês podem até pensar que esse foi um errinho besta. Foi mesmo, porque o erro pior foi afirmar que Pio XII, que governou a Igreja de 1939 até 1958 havia escrito a Rerum Novarum que, na verdade, foi escrita em 1891 por Leão XIII, que também era Papa e não somente um Padre.
Dois casos de demência docente no mesmo dia e na mesma cidade, um numa Universidade pública e outro numa Faculdade particular de Direito. Mas o pior não é isso. O pior é saber que casos como esses se repetem todos os dias no Brasil e talvez em todas ou, pelo menos, na maioria das instituições de ensino superior do país. Pior ainda é saber que, mesmo diante de tanta grosseria, somos obrigados a frequentar essas instituições se quisermos adquirir um diploma que servirá para nos ajudar a arranjar um emprego que nos garanta mais de um ou dois salários mínimos. É amigos, vida de estudante brasileiro não é mole, temos de aguentar viver num ambiente envolto por uma terrível treva cultural.